segunda-feira, 11 de abril de 2011

Economia, Inflação e Mercado

Da Folha de São Paulo- on line, por Josias de Souza


11/04/2011

Mercado volta a dizer que duvida da bruxaria do BC

Angeli
Pela quinta semana consecutiva, o mercado financeiro elevou sua previsão de inflação.
O Banco Central, como se sabe, realiza semanalmente uma pesquisa para medir os humores do mercado. Chama-se Focus.
Recolhe às sextas as opiniões de 100 operadores do mundo das finanças. Cruza os dados no fim de semana. E divulga-os às segundas.
Pois bem. Nas últimas cinco semanas esse boletim Focus traz sempre uma previsão mais salgada do que a outra.
Na sondagem da semana passada, os mandarins do mercado haviam estimado que a taxa de inflação fecharia o ano em 6,02%.
No levantamento desta segunda (11), puxaram a estimativa para 6,26%. Devagarzinho, o pessimismo vai alcançando o teto da meta oficial.
O governo se autoimpôs a meta anual de 4,5%. Concedeu a si mesmo a tolerância de dois pontos. Um índice de até 6,5% continuaria dentro da meta.
A pesquisa Focus revela que, aos olhos do mercado, o BC dificilmente conseguirá entregar a mercadoria prometida.
E daí? Bem, em matéria de inflação, as expectativas contam muito. São elas que orientam os manipuladores do painel de controle do governo.
A turma do BC e da Fazenda aperta os botões que devem ser apertados e, depois, espera para ver a reação dessa coisa imprevisível que é o gênero humano.
Os empresários vão investir? Os consumidores vão gastar? Essa gente vai poupar ou vai continuar tomando empréstimos feito louca?
Embora seja chamada de ciência, a economia tem um quê de bruxaria. E o Focus informa que a turma do mercado acha a macumba de Brasília fraca.
Há duas semanas, o próprio BC entregara 2011 a Deus. Informara que a agulha enfiada no boneco talvez só surtisse efeito em 2012.
Assim caminha a economia. O governo tenta impor a precisão matemática ao imponderável. Mas deixa claro que o poder de sua ciência tem limites.
Termina onde começa o mistério do comportamento humano. Não resolve muita coisa. Mas oferece ótimas desculpas.
Os búzios do governo estão sempre certos. O mercado e as pessoas é que insistem em não fazer o previsto

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