terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Dilma, Serra: o Brasil e o Pará

Há oito anos, publiquei em um editorial do periódico “O Jornal” em Tucuruí, que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, tomaria medidas econômicas ortodoxas, promoveria um grande arrocho fiscal e monetário como nunca teria sido feito neste país.
Dito e feito, nos dois primeiros anos do governo Lula implementou uma política econômica ortodoxa e promoveu um arrocho fiscal e monetário com proporções nunca vistas neste país.
Eu não tinha uma bola de cristal, mas li atentamente a Carta aos Brasileiros publicada pelo então presidente eleito e entendi que ele faria tudo que o Fernando Henrique Cardoso pretendeu fazer e o próprio Lula com o PT não permitiram.
Com o PT domesticado, Lula pode implementar tal política, colocou a economia nos trilhos, adquiriu a confiança dos mercados e o resto os senhores já sabem e assistem diariamente na imprensa, notícias econômicas de caráter positivo, reconhecimento internacional, prêmios de todos os lados e o reconhecimento de um grande estadista.
Caso Dilma seja eleita presidente da república e a presidente pudesse realizar sem restrições seu plano pessoal, visto o seu passado revolucionário, o risco seria ter uma guinada para a esquerda no governo, com o aparelhamento da máquina pública, com o fortalecimento dos “movimentos sociais” a ponto de termos novas instancias de decisão baseada em conselhos, formados por uma minoria de militantes de tais movimentos que pouco representam no universo da sociedade.
Como ponto positivo, teríamos uma presidente eficiente na gestão,
A salvaguarda são as instituições fortes e um congresso liderado pelo PMDB, garantidor de sua candidatura e das instituições democráticas.
Por outro lado, caso Serra seja eleito, não teríamos a repetição de FHC, uma vez que Serra tem declarado convictamente de que é favorável a continuidade das políticas sociais de Lula.
O risco seria a intolerância recíproca dos movimentos sociais que poderiam atrapalhar a gestão a ponto de chegar ao caos.
Com José Serra inexiste  risco de uma forte guinada para a direita, uma vez que Serra não é de direita e as mesmas salvaguardas das instituições fortes e de um congresso liderado pelo PMDB garantiriam que não haveria nenhum retrocesso social, embalado por algum de seus aliados mais a direita.
Como Dilma Serra também é um gestor de larga competência.
Diante disso a eleição de 2010 nos apresenta dois candidatos muito parecidos em essência, no ponto de vista de governo, uma difícil escolha.
A imprensa européia estampou esta semana uma manchete que dizia, Lula será vencedor com Dilma ou com Serra.
Como tenho afirmado, os estadistas conduzem suas naus, imprimindo sua ideologia, seu modo de ver o mundo apenas no modo de fazer e nas políticas localizadas. Os grandes temas seguem os ventos do equilíbrio de forças do planeta.
A historia mostra que os grandes estadistas responsáveis por guerras, desenvolvimento e distribuição de direitos foram movidos pela força dos interesses do planeta e não por suas convicções pessoais. Churchill o cavalheiro da paz mundial foi o senhor da guerra; John Kennedy pregou a paz e iniciou a guerra do Vietnã; Ronald Reagan, o senhor da guerra foi o pacificador do planeta, fazendo a paz com a China e União Soviética, destruindo armas nucleares, o que levou a derrubada do muro de Berlim; no Brasil, Getulio Vargas promoveu e legitimou as leis trabalhistas porque naquela época, todo o mundo o fez.
As grandes decisões atendem o sopro dos ventos do planeta e um país com instituições fortes como hoje tem o Brasil, nossa posição é confortável, nenhum desastre poderá acontecer, seja quem for o presidente.
Podemos ver que um dos fiadores desse quadro favorável é o PMDB, responsável pela redemocratização e pela grande liderança no legislativo, entretanto sem uma liderança nacional que possa concorrer ao cargo de Presidente da Republica.  
Como no Pará o PMDB tem uma liderança única e se apresenta como um bloco monolítico poderá apresentar candidato a Governo, especialmente depois de a governadora Ana Julia ter apresentado uma administração pífia, com um alto índice do rejeição, cabe ao PMDB, com apoio de outros partidos, inclusive com parte significativa do PT assumir o comando do Pará.      


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